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Por que até agora o Supremo não votou o pedido de afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara?
Por Paulo Nogueira, do DCM
Algumas perguntas só a posteridade poderá – talvez – responder.
Uma
é já clássica: como, sob provas esmagadoras de achaques e roubalheiras,
Eduardo Cunha comandou – e manipulou – todo o processo de impeachment
na Câmara dos Deputados?
O
resultado dessa aberração foi a histórica sessão da Câmara que
desmoralizou os deputados federais não apenas perante os brasileiros,
mas diante do mundo.
Uma
segunda pergunta, não menos vital, é esta: o que o STF tinha de tão
importante para fazer, nestes meses todos, para não encontrar tempo para
apreciar o pedido de afastamento de Eduardo Cunha da presidência da
Câmara?
A
saída de Cunha foi pedida ao STF em 15 de dezembro passado pelo
procurador geral Janot. A reivindivação foi entregue ao ministro Teori
Zavascki. Quatro meses depois, uma eternidade para os padrões de
turbulência destes dias, Teori ousou dizer que não há prazo ainda para a
avaliação do caso Cunha.
É
uma loucura, é uma insanidade, é uma estupidez, é uma irracionalidade.E
é uma bofetada na sociedade. Os eminentes ministros têm, por acaso,
alguma coisa de maior relevância para avaliar do que um assunto que não
apenas paralisou o país como dividiu em duas a sociedade?
Não há explicação possível para tamanha agressão à lógica e para tamanho dano ao Brasil.
Observe a agenda do STF. Tente achar qualquer coisa mais preciosa e urgente do que o caso Cunha.
Não
poderia haver propaganda pior contra o STF e contra o Judiciário do que
a morosidade indefensável com que ela tratou o pedido de afastamento de
Cunha.
É como uma equipe médica que espera o paciente morrer para tomar alguma atitude que poderia salvá-lo.
Ver
Eduardo Cunha julgado está e estava faz tempo longe de ser um anseio
petista e da esquerda. Mesmo os analfabetos políticos que saem às ruas
de camisa amarela não suportam mais ver Cunha em gozo de extrema
tranquilidade depois de ter feito tudo o que fez e faz.
Uma
absoluta falta de transparência na montagem da agenda contribuiu para
que o STF arrastasse à exaustão uma decisão sobre um assunto tão
premente para o país.
Num mundo menos imperfeito que o nosso, o presidente do STF viria a público dar satisfações sobre o caso Cunha.
Sobretudo,
diria quando os juízes iriam julgar o pedido de afastamento, e
explicaria a razão da data. Não no português ridículo e pomposo em que
se expressam os eminentes juízes, mas em linguagem acessível a todos.
Num
livro que li sobre a Suprema Corte Americana, uma autoridade diz que
não existe decisão mais importante para um presidente do que a escolha
de um juiz para compô-la.
Fica
brutalmente exposta a inépcia dos presidentes que escolheram os juízes
que formam nossa Suprema Corte, descontadas as raras exceções.
Não
é apenas o poder político que se mostrou putrefato nesta crise. Também o
Judiciário provou não estar à altura de um país que aspira a ser
civilizado.
Reformar
a Justiça é tão imperioso quanto reformar o sistema político, como
demonstra a lentidão criminosa como foi tratado o pedido de afastamento
de Eduardo Cunha.
DO blogdefranciscodecastro
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